Candidato e preso 2 vezes: por que brasiliense está em barco para Gaza
O ativista Thiago Ávila, 38 anos, está a bordo do barco chamado Madleen, ao lado de outros 11 ativistas internacionais, rumo a Gaza
atualizado
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O brasiliense Thiago Ávila, 38 anos embarcou em uma missão humanitária rumo à Faixa de Gaza ao lado da sueca Greta Thunberg. A bordo de um barco, eles vão levar suprimentos e protestar contra o bloqueio imposto por Israel à região.
Ex-candidato a deputado distrital pelo PSol, Ávila já havia chamado a atenção ao ser interrogado pela Polícia Federal, após uma viagem ao Líbano em que denunciou ataques israelenses no país.
A história do ativista socioambiental também ganhou repercussão após ele ser preso duas vezes por acusações de crime ambiental. Nas redes sociais, Thiago reúne mais de 338 mil seguidores.
O ativista está a bordo do barco chamado Madleen, ao lado de outros 11 ativistas internacionais, rumo a Gaza. Eles embarcaram no domingo (1º/6).
Ele publicou um vídeo que mostra a jornada do grupo até Gaza. Assista:
O brasileiro é membro do projeto Freedom Flotilla Coalition, que tem como objetivo levar ajuda humanitária ao território palestino.
Em entrevista ao Metrópoles, o brasiliense contou que o grupo está transportando alimentos, medicamentos, filtros de água, muletas, próteses infantis e outros suprimentos essenciais. A previsão é de que a viagem dure mais cinco dias até o destino final.
“Quando os governos falham, os povos navegam. Nosso compromisso é com a paz e com os direitos humanos. Qualquer agressão contra esta missão seria uma afronta ao direito internacional e à dignidade humana”, afirma Thiago Ávila, único brasileiro a bordo.
O movimento tem ganhado força internacional. Nas últimas 24 horas, a iniciativa recebeu apoio oficial de um especialista da ONU, que solicitou garantias para a agem segura da embarcação.
“Estamos em um pequeno barco, mas representamos milhões de vozes no mundo inteiro que clamam pelo fim do genocídio e do bloqueio. Levamos mais do que alimentos: levamos dignidade e esperança”, declarou Ávila.
Ávila reforça que a missão, embora arriscada, não se compara ao sofrimento diário vivido pela população de Gaza. “O que fazemos aqui é o mínimo diante do que o povo palestino enfrenta há décadas. Mas é nossa responsabilidade agir quando as instituições internacionais falham. A solidariedade não pode ser adiada.”
Entrada de ajuda humanitária em Gaza
- Após bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou atrás e suspendeu o bloqueio no enclave palestino em 19 de maio.
- Segundo o governo israelense, a medida visava pressionar o Hamas a entregar o restante dos reféns que ainda estão em Gaza.
- A medida agravou a crise humanitária em Gaza e também fez com que a pressão internacional contra Benjamin Netanyahu aumentasse.
Ele começou a jornada como ativista em 2005 e já esteve no Líbano, onde mostrou, em fevereiro deste ano, como as cidades ficaram após os ataques de Israel. Ávila também compartilha nas redes sociais relatos sobre os projetos e mostra a realidade dos lugares mais vulneráveis da guerra.
O brasiliense também já esteve na Cisjordânia para documentar violações cometidas sob ocupação israelense e integrou brigadas internacionais em Cuba e na Colômbia.
No ano ado, Ávila deixou sua família – esposa e filha, que na época tinha sete meses – para viajar com outros ativistas em um barco até Gaza, mais uma vez com o objetivo de levar ajuda humanitária à região, mas a missão acabou não sendo concluída.
“As famílias de Gaza não são menos importantes do que a minha família. É pura sorte que não sejamos uma daquelas famílias que estão em Gaza neste momento”, contou o brasileiro nas redes sociais.
Prisão em cima de telhado
Em 2021, Ávila chamou a atenção ao apoiar famílias de catadores de materiais recicláveis que foram despejadas de uma ocupação nas imediações do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.
Durante os protestos, ele permaneceu no telhado de uma escola que seria demolida, sendo preso duas vezes sob acusação de crime ambiental. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) chegou a pedir sua condenação a até três anos de prisão. No entanto, em julho de 2022, a Justiça o absolveu.