Brasília é a capital com maior percentual de alunos que já usaram vape
Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) de 2019 revelou que 30,8% dos estudantes de 13 a 17 anos já haviam usado cigarro eletrônico
atualizado
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Brasília é a capital com o maior percentual de estudantes, entre 13 e 17 anos, que já experimentaram cigarros eletrônicos. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) de 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram que 30,8% dos adolescentes já haviam usado vape.
Na última quarta-feira (28/5), uma adolescente de 15 anos morreu após complicações pulmonares devido ao uso de cigarro eletrônico, no DF. A menina apresentava uma tosse persistente havia quatro meses. Porém, ela escondeu dos pais e dos médicos que fazia uso do item.
A PeNSE mostrou que, em 2019, a capital federal alcançou a maior frequência de uso do vape tanto entre as Unidades da Federação quanto na comparação com todos os municípios das capitais do país.
A variação quanto ao sexo, demostrou uma experimentação de cigarro eletrônico maior entre homens (34,3%) do que mulheres (27,6%). A experimentação foi maior entre os alunos das escolas públicas (32,5%) do que entre os alunos das escolas privadas (25,6%).
Entenda caso de adolescente do DF
- Uma menina de 15 anos morreu na quarta-feira (28/5) por complicações causadas pelo uso de vape.
- Em 18 de maio, ela teve diagnóstico de Pneumonia Comunitária, Pneumonia por Influenza A e Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Produtos de Vaping ou Cigarro Eletrônico (EVALI).
- A adolescente ou por atendimento no Hospital Cidade do Sol e no Hospital Universitário de Brasília.
- Como ou a precisar de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi transferida para o Hran.
- A suspeita clínica é que a menina tenha sido acometida por EVALI.
- A confirmação da causa da morte só poderá ser feita após a necropsia do corpo.
Cigarro
O percentual dos estudantes do DF que fumaram cigarro alguma vez na vida foi de 27,3%. Em relação à precocidade da exposição ao tabaco, a PeNSE 2019 levantou a idade em que o aluno fumou cigarro pela primeira vez, expresso pelo percentual de escolares que experimentaram antes dos 14 anos.
Em relação ao consumo atual de cigarros, medido pelo consumo ocorrido nos últimos 30 dias anteriores à data da pesquisa, ele foi de 6,0%. O índice representa o menor valor entre os estados do Centro-Oeste.
Quanto à forma de obtenção do cigarro, a pesquisa perguntou aos estudantes que já experimentaram, como eles conseguiram seus próprios tabacos. As declarações dos adolescentes brasilienses indicaram que o modo mais frequente (46,4%) foi comprar o cigarro em uma loja, bar, botequim, padaria ou banca de jornal.
Além disso, entre os jovens de 13 a 17 anos do DF, 50,6% já haviam experimentado o narguilé, sendo a segunda maior frequência observada entre as Unidades da Federação.
Riscos do cigarro eletrônico
Populares entre o público jovem, os cigarros eletrônicos têm ganhado cada vez mais adeptos no Brasil. Embora sejam comercializados como uma alternativa menos prejudicial ao cigarro tradicional, o vape também contém substâncias tóxicas que, a longo prazo, podem causar doenças pulmonares graves e problemas cardiovasculares.
No entanto, por trás do aspecto moderno, está o mesmo problema. Geralmente, a concentração de nicotina nos cigarros eletrônicos é bem superior ao cigarro tradicional, aumentando o risco de dependência.
O pneumologista e professor de medicina da Unieuro, Sérgio Santos, cita que entre os principais problemas causados pelos cigarros eletrônicos estão as lesões pulmonares agudas, como a lesão pulmonar associada ao uso de vaping (EVALI, em inglês), que pode causar inflamações severas nos pulmões e levar à insuficiência respiratória.
Além disso, o uso contínuo dos dispositivos pode gerar inflamações crônicas nas vias aéreas, favorecer quadros de bronquite e aumentar o risco de infecções respiratórias. Há também efeitos cardiovasculares, já que a nicotina — presente na maioria dos líquidos usados nos vapes — eleva a pressão arterial e a frequência cardíaca.
De acordo com a pneumologista Izabel Diniz, médica do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), nos vapes, a substância líquida é aquecida por uma resistência elétrica e chega a temperaturas de até 300 °C, formando o vapor inalado. Essa temperatura elevada por si só já pode provocar uma lesão da mucosa respiratória.
A especialista também faz um alerta específico para os jovens: “Quanto mais jovem, maior a presença de receptores de nicotina no cérebro, o que eleva consideravelmente o risco de desenvolver dependência precoce”.
Ele relata receber muitos adolescentes no consultório que não entendem como os dispositivos funcionam e só percebem o problema quando já estão apresentando sintomas respiratórios como falta de ar, dor no peito, ou infecções respiratórias recorrentes. “Muitos tentam parar, mas já não conseguem. Isso por si só já é um sinal claro de dependência”, esclarece.